MULHER DESAPARECIDA A SUL, de Modesto Navarro
Apresentação feita pelo escritor Domingos Lobo
Que nos amamos pouco e mal, todos o sabemos. Por vezes, amargamente o sabemos. Garrett avisou-nos, mas de pouco nos serviu. Continuamos, sobranceiros e diligentes, a ignorarmos-nos mutuamente. Conseguimos amar o que nos chega de fora, a assimilar acrítica e devotadamente, todos os subprodutos que os impérios mediáticos promovem, com mão operativa e marketing agressivo, levando-nos ao consumo desbragado e irracional. Assim, nesta deriva consumista, nos fomos ao longo dos anos (com claros e graves sinais, a partir dos anos 1980) aculturando e transformando numa massa acrítica, consumidores passivos e sentados nas ameias do sofá de todo o género de produtos culturais estranhos, promovidos em caixa alta e primeiras páginas pelos media de serviço. Esquecemos, ou levaram-nos a esquecer, que num mundo globalizado como este em que vivemos, os povos que não assumem a sua identidade cultural, que não respeitam e promovem os seus valores patrimoniais, tenderá a desaparecer no confronto cultural com outros povos. E um povo, para o ser enquanto identidade colectiva, precisa de referentes, de sinais, de raízes. Só nesse confronto se afirmará singular, só impondo a diferença à diversidade global, a nossa identidade cultural nos poderemos afirmar como povo autónomo livre e respeitado no confronto com outras culturas que de há muito perceberam que a verdadeira marca, que a perenidade da sua passagem pelo espaço que nos é comum, passa indubitavelmente pela capacidade e génio criador dos seus povos. Tudo o resto é volátil e de passagem.
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