sábado, 5 de setembro de 2009

...em Berlim um muro...



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...Hans tremia dos pés à cabeça. Enfiado numa cova que havia tornado mais funda, com a ajuda da pequena pá do seu equipamento, esperava, coberto do suor da angústia, a aproximação do inimigo.
Dois metros à sua esquerda, encontrava-se Werner, amigo de infância e colega de liceu e, agora, nesses finais de Abril de 1945, camarada de armas. Também ele se ocultava num buraco; também ele esperava o inimigo.
Os dois rapazes, com pouco de mais de dezassete anos, faziam parte de uma espécie de batalhão, arrebanhado de improviso.
Juntamente com velhos de olhos vazios que mal força tinham para segurar o lança-granadas foguete, Werner, Hans, e outros alunos do liceu local, ocupavam uns buracos abertos à pressa na periferia de Petershagen, uma pequena localidade situada a cerca de 20 quilómetros de Berlim. Era aí, nessa tosca linha defensiva, última barreira de protecção da capital do Reich , que se propunham deter o avanço do Exército Soviético.
Uns dias antes, haviam sido postas nas mãos daquele desconjuntado grupo de velhos e de adolescentes meia dúzia de lança-granadas foguete, umas tantas pistolas-metralhadoras e distribuído um punhado de munições. Depois, o Führer batera-lhes ao de leve no ombro com a mão tremente de senilidade e, mastigando umas palavras, recordara-lhes que a Pátria, a Grande Alemanha, confiava neles para a defenderem.
Era essa, pois, a sua missão. Cumpri-la-iam.
De vez em quando, os dois rapazes trocavam algumas palavras. Cada um deles procurava, desse modo, insuflar no outro a coragem que lhe sentia faltar e, assim, conseguir o auto-domínio necessário para aguentarem a ansiedade que os envolvia.
Já há alguns anos que a guerra fazia parte do seu quotidiano. Mas andara longe. Começara por ser vista apenas nos imponentes desfiles, onde os armamentos mais modernos enchiam de orgulho o peito das multidões apinhadas nos passeios. O aço alemão e a indústria alemã tinham renascido das cinzas a que uns cobardes defetistas pensavam tê-los reduzido.
Mas era sobretudo os soldados, jovens bem constituídos e garbosos, o que mais impressionava os milhares de pessoas que assistiam às paradas. Exemplares perfeitos de um povo que olhava em frente. Com a sua marcha guerreira, ao som de triunfais fanfarras, as pernas bem erguidas encompassando enormes porções do pavimento e fazendo soar com estrépito as botas contra o solo, pareciam uma avalancha humana capaz de levar tudo à sua frente...