(...) Antes de discutir no plano jurídico-constitucional, designadamente para saber se a não permissão do casamento é inconstitucional ou não, por violar valores estruturantes da nossa Constituição, importa afirmar, sem hesitações, que existe um problema, que é real, que tem que ser resolvido com dignidade e de forma civilizada. Portugal não pode tratar mal os seus filhos, designadamente os que escolheram de forma livre esta opção de vida, nem de forma desigual. Todos merecem protecção. O Estado não tem o direito de tentar impor às pessoas uma forma de vida, nem deve definir o quadro de afectos e de amor para cada indivíduo. E se o problema existe e veio para ficar precisa de ser resguardado também pela via da lei. Não compreender isto e tentar tapar “o sol com a peneira”, é ofender e magoar os direitos legítimos dos seus filhos.E estes não são filhos de um Deus menor. (...)
in Prefácio de Rui Rangel